quinta-feira, 5 de julho de 2012


DOM JAIME ESCREVE ARTIGO SOBRE OTTO GUERRA

Otto de Brito Guerra
Este personagem é referência frequente e visível na vida e missão da Igreja de Natal e do Rio Grande do Norte. Tive a graça e o privilégio de conhecê-lo a partir da minha vocação sacerdotal, ao ingressar no Seminário de São Pedro, na Avenida Campos Sales, em fevereiro do ano de 1961. Vivíamos um período de desenvolvimento e expansão da Ação Pastoral e Evangelizadora da Igreja de Natal, pelas iniciativas e pioneirismo de uma Igreja viva, voltada para a realidade e condição da vida humana do povo, o conhecido Movimento de Natal, sob a orientação do então Bispo Auxiliar e depois Administrador Apostólico, Dom Eugênio de Araújo Sales.

Entre uma plêiade de homens e mulheres que colaboraram com a Igreja de Natal, encontramos a extraordinária figura humana do Dr. Otto Guerra, cujos dados biográficos e história pessoal destacamos nesta publicação, por ocasião do seu centenário (1912-2012). A sua existência humana atingiu o seu limite em 1996, ano em que recebi a graça de ser sagrado bispo, na Basílica de São Pedro em Roma, pelo beato João Paulo II, para a Igreja de Caicó.

Recordo–me do Dr. Otto Guerra, com sua serenidade, integridade moral e espírito cristão, agindo em meio à conjuntura sócio-política e eclesial do Estado e do País, decididamente influenciada e marcada pelo regime militar, na qual ele atuava não só como um conhecido membro da Igreja Católica, mas como jurista, professor da Faculdade de Direito, da Escola de Serviço Social e Vice-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Esposo e pai de família exemplar, gerando uma prole de 13 filhos, aos quais legou uma formação humana, cristã e intelectual comprovada pelo tesouro de sua biblioteca particular, onde está o maior acervo literário sobre as secas do Nordeste e, como católico fervoroso e convicto, também sobre a Doutrina Social da Igreja e documentos pontifícios.

Na sua sensibilidade humana e cristã, escolheu o nome de Zita para uma de suas filhas, em homenagem a Santa Zita, patrona das empregadas domésticas, de conhecida devoção, em nossa cidade, pela existência da Casa Santa Zita, da Congregação das Filhas do Amor Divino, na Igreja de Natal, para a promoção humana das empregadas domésticas.

Em 1950, Dr. Otto Guerra recebeu a Comenda de São Gregório Magno, no grau de Cavaleiro, concedida pelo Papa Pio XII, tornando-se integrante de um grupo seleto de fiéis leigos da Igreja Católica, na condição honrosa de Comendador da Santa Sé. Não só como jurista, mas como jornalista co-fundador do jornal A Ordem, por indicação de Dom Eugênio, foi um dos poucos leigos do Brasil a integrar a Comissão Pontifícia para as Comunicações Sociais, como representante da América Latina junto à Santa Sé.

Como atual pastor desta Igreja de Natal, uno-me a todas as manifestações de reconhecimento e homenagem à memória de Otto Guerra, suplicando graças e favores celestiais para seus familiares e todo o povo de Deus que, pela graça do batismo, “são constituídos partícipes do múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo, pelo que exercem sua parte na missão de todo povo cristão na Igreja e no mundo”(LG,31).
 FONTE ARQUI DIOSE  DE NATAL
+ Jaime Vieira Rocha
Arcebispo Metropolitano de Natal

Nenhum comentário:

Postar um comentário